Dez anos! E então a temida frase apareceu.
Eu bem que podia ter desconfiado que as mudanças estavam chegando. Talvez eu pudesse ter percebido isso naquele momento em que ele, quebrando nossa tradição dos parabéns, se recusou a enfiar o dedo no bolo diante da turma do colégio, que já atacava os brigadeiros. Desta vez, nada de pedidos secretos!
Eu podia mesmo ter entendido que o fato dele entrar debaixo da mesa durante o - "com quem será...", gritando desesperadamente: "ela é minha prima, não pode" - representava um tipo de constrangimento inédito até então.
Seu eu quisesse mesmo entender este crescimento repentino, podia mesmo ter compreendido o significado do episódio em que ele correu para se sentar no banco da frente do carro, porque a lei agora permite, porque o "cinto não pega mais no meu pescoço". Sim, ele já altura suficiente.
Como eu ignorara todos os sinais que ele me deu em menos de 24h, precisei ouvir com todas as letras:
- Tia Iéié, eu não sou mais criança!
Tudo bem, meu bem. Vamos aprender juntos a lidar com a nova fase que vem por ai.
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